O Mundo de Sofia – Um Romance Filosófico
Prêmio Monteiro Lobato “A Melhor Tradução/Jovem” pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ 1995
- Editora: Companhia das Letras
- Autor: JOSTEIN GAARDER
- ISBN: 8571644756
- Origem: Noruega
- Ano: s.d.
- Número de páginas: 560
- Acabamento: Brochura
- Formato: Médio
- Gênero: Romance/Filosofia
O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste fascinante romance, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países em que foi lançado. De capítulo em capítulo, de “lição” em “lição”, o leitor é convidado a trilhar toda a história da filosofia ocidental. As cartas anônimas começam a chegar à caixa de correio da pequena Sofia, uma menina prestes a completar 13 anos. Elas trazem perguntas sobre a existência e o entendimento da realidade, “Quem é você?”, “De onde você vem?” . Por meio de um thriller emocionante, Gaarder conta a história da filosofia, dos pré-socráticos aos pós-modernos, de maneira acessível a todas as idades.
O Mundo de Sofia é um romance envolvente que, de forma natural e didática, introduz a História da Filosofia dando rápidas pinceladas sobre o seu desenrolar no Ocidente. Levanta as principais questões estudadas pelos pensadores de todos os tempos, vivo exemplo da inquietude humana e da instintiva busca por referenciais de conduta: Deus, o Universo, o Homem, a Sociedade e a História são algumas das instigações da obra.
Com uma forma nada erudita de escrita, sem palavras e termos complexos, e uma linguagem assessível com narrativas em estilo romancista, o escritor Jostein Gaarder nos conduz ao inquietante mundo da história da filosofia e o que se apresentava antes como intangível e misterioso se revela diante de nossos olhos como fascinante e indispensável: a filosofia.
O autor mostra que, no início, era necessário a utilização do pensamento mitológico para que as pessoas pudessem compreender os processos naturais a sua volta e, ainda hoje, podemos observar características desse pensamento, como, por exemplo, algumas superstições que como a própria mitologia, pode ser vista como crendice ou como explicação fabulosa da realidade. Mais aí, começaram a aparecer filósofos que se concentraram em descobrir a natureza do homem, sua relação com o mundo e a melhor forma de bem viver com este e consigo próprio, dando origem ao pensamento ético e moral baseado na razão, primórdio para uma feliz e reta vida, a sabedoria para distinguir entre o que é certo e o que é fácil, entre razão e emoção, genialidade e loucura.
A última grande época de desenvolvimento humano, que veio logo após o Iluminismo, foi o Romantismo, já que depois apareceram novas teorias e concepções de mundo (espaço e tempo kantiano) em campos distintos do conhecimento: Marx na economia, Durkheim na sociologia, Darwin na biologia, Freud na psicologia. Dentre os filósofos românticos o de maior destaque foi Hegel. Contribui para a concepção de que existem verdades maiores que a razão humana e a filosofia, portanto, não poderia ser desvinculada da época a qual se desenvolveu, tendo então, todo pensamento, um contexto histórico. Desenvolveu a teoria de tese, antítese e síntese, provando sua teoria do dinamismo da razão humana (isso tudo num livro infanto-juvenil!).
Todo esse conteúdo intelectual junto a questões filosóficas, pode-se fazer um paralelo com as teorias mais antigas, do Dia e Noite de Brahma no hinduísmo, ou o “Faça-se a Luz!” da Bíblia, ou a explosão do centro do Universo, no Big-Bang? (Só para contar há um grande equivoco em achar que a teoria da Grande Explosão é uma teoria cientifica, seu elaborador e primeiro defensor foi o pai da genética, o rei da ervilha, um monge com óculos conhecido pelo nome de Mendel). As idéias humanas giram ciclicamente em torno das mesmas perguntas, mas as respostas, com o passar das eras, são cada vez mais sutis, análogas e abrangentes.
OPINIÃO PESSOAL:
Minha única critica é que infelizmente a obra não cita a filosofia ocidental, que embora pouco explorada pelos meios académicos é muito interessante, mas recomendo à todos, a inquietação que o livro provoca em não-filosofos é o combustível para uma reflexão sobre a consciência de si mesmo, ora, pense dessa forma: Você existe, vive sua vidinha de cada dia sem pensar sobre si mesmo, logo você vive sem consciência de que existe, então podemos chegar a conclusão de você é um zumbi.
– Oh não! Socorro… Zumbiii!
[;-p
Apenas um desabafo: mas de que serve, mesmo, a consciência???? Simplesmente para se descobrir que se pode pensar qualquer coisa, imaginar, inventar. Entretanto, no fim das contas, não há nenhuma diferença, a não ser, o fato de nos sentirmos especiais, de nos sentirmos Humanos (pobres criaturas que acham que o conhecimento é a última coca-cola num deserto), para depois morrermos e o mundo continuar até o dia em que ele tbm acabará. Angústias, inquietações movimentam, trazem “sentido” à vida, mas são mera expressão do orgulho e da prepotência humanos, da ingenuidade… Tudo que fazemos só diz de nós mesmos – e nós fingimos “dominar” a “natureza”….
Uma opinião, diversa, desesperada e que cabe dentro dos parâmetros que ela mesma critica
Gostei de suas colocações Gabriela, contudo, imaginar que podemos pensar qualquer coisa só porque temos tal liberdade é um engano, pois somos desprovidos dessa potência. Você mesma, poderia imaginar uma cadeira sem formas? Uma esfera em duas dimensões é apenas um circulo, mais a mesma esfera em 4D? e em 5? Sobre sua sutil pergunta, pense um pouco mais; pensar, “sentir”, e agir são ações simultâneas, não refletir sobre nos mesmo é extirpar aquilo que nos separa dos demais seres desse planeta, sendo assim também poderiamos aceitar que não passamos de formas de vida vazias que vagam pelas estradas em caixões de metal?
Creio que falamos de perspectivas bem distintas, desde o início. Mesmo assim, continuo com minhas angústias. Formas vazias: é disso que falo mesmo! Somos formas vazias, é aí que está toda a graça! A grande questão não é se somos Humanos, ou o que é ser Humano. A grande questão é: por que há tanta necessidade de ser Humano? Nós podemos ser tudo (e, por favor, não coloque o nada dentro do tudo e resuma o tudo ao nada), que digo é que não há essência, não há Humano, há coisas acontecendo. Caos.
Minha cara Gabriela, é um prazer te-la aqui novamente. Não sou tão instruído na metafísica para questionar sobre o Tudo e o Nada, contudo sobre ser Humano, bom isso posso valer alguns argumentos. Ser humano é uma definição que temos de nos mesmo por nos mesmo, o interessante nisso é a dificuldade em “ser” humano, somos movidos pelo vazio, por nossas angustias, guiados por nossos desejos. O Caos é uma das coisas mais preciosas que temos, ele nos inquieta, sem ele a “vida” seria tão calma, tão segura, e com certeza, tão tediosa. O Caos nos alimenta em nossas buscas, sejam elas o auto-conhecimento ou a eliminação de um vazio silencioso em nossa existência.